Quando
ainda lecionava era um entusiasta das inovações tecnológicas. Isso desde o
final do século passado.
Usava
aplicativos em sala de aula com alguma maestria, auxiliava meus “parças” de
trabalho em algumas aventuras por esse maravilhoso mundo tecnológico.
Certa
vez ouvi de um colega, após ajudá-la a encontrar uma informação para a aula de
Biologia, que ele só encontrava lixo no mundo virtual. Era o tempo dos inúmeros
mecanismos de busca, o Google não havia monopolizado esse segmento ainda.
Era
o tempo do Orkut, das listas de e-mails e dos blogs. Estimulei o uso das
comunidades do Orkut para dicas de estudo e trocas acadêmicas entre os alunos.
Na
primeira década do século XXI dei início a esse blog, em plena ebulição do
“mensalão. Tinha por hábito
comentar as capas das principais revistas semanais.
Costumava
reproduzir matérias de autores que considerava interessantes e trabalhava
bastante com hiperlinks, era o momento que pensávamos em um ambiente de colaborações,
não havia competição entre os blogs e a maioria dos conteúdos estava aberto.
Era
um bom espaço de discussão, tanto para meus alunos como para pessoas
progressistas, embora eu tenha recebido muitas críticas, principalmente pela
defesa da causa palestina e do governo Lula.
Usei
Orkut, blog, lousa digital, gravação de aulas e demais traquitanas digitais em
diferentes épocas.
Em
2010 tem início a Primavera Àrabe, que
eclodiu na Tunísia e rapidamente se espalhou, primeiro nos países árabes do
norte da África e depois atingiu o Oriente Médio.
O movimento foi difundido por meio do uso do celular e das
chamadas redes sociais e rapidamente o Orkut, Twitter, MSN, Blogger etc., foram
tomados pelas cenas que representavam o descontentamento da população com o
nível de vida, corrupção e outros desmandos naqueles países.
O papel das redes sociais foi fundamental no processo, mobilizando as pessoas e fazendo pressão sobre as autoridades.
Eu
não conseguia compreender direito o alcance daquilo tudo e, tempos depois
conseguimos ver o resultado daquelas revoltas.
Mas,
de fato, ficou marcado em minha memória o ano de 2013 e o tal “Não são só 20
centavos”. Não era mesmo.
O
Brasil foi sacudido por protestos, que começaram pequenos e foram crescendo e
tomando conta do país.
A
direita, espertamente, se apropriou da bandeira inicial e depois começou a
protestar contra “tudo isso que está aí”.
No
início eram tratados pela mídia como pequenos grupos de baderneiros, mas, de
repente essa mesma mídia se colocou ao lado dos
manifestantes.
Nesse
contesto aparecem inúmeros movimentos, como o MBL e O vem pra rua, que
mobilizam inúmeras pessoas, visando o afastamento da presidenta Dilma e, ao
mesmo tempo, tem início uma perseguição aos professores, chamados de
“doutrinadores e esquerdistas”.
A
presidenta Dilma sofreu impeachment e os “movimentos” elegeram deputados e
vereadores, para combater os “doutrinadores”.
Nas
redes sociais cresceram perfis de extrema-direita, como o Brasil Paralelo e a
Revista Oeste, especialistas em espalhar fake news.
Esse
processo avança para as campanhas contra vacinas, a ciência, e as artes.
Tais
movimentos elegeram Jair Bolsonaro, claro, com o apoio da mídia, que depois se
arrependeu e da maioria da população.
Foram
quatro anos de inferno promovido pela extrema-direita e com muita mentira e
boçalidade, mas conseguiram eleger vários expoentes do negacionismo e com
poucos neurônios como o Bolsonaro.
Resta
esperar que a justiça cumpra o seu papel e coloque esses bandidos na cadeia o
mais rápido possível,