A entrevista de Lula, com palavras duras contra os crimes do
estado de Israel, está gerando uma onda forte de debates na mídia, com posições
favoráveis – a mídia hegemônica à frente – e contrárias – capitaneadas pela
mídia alternativa.
A mídia empresarial brasileira preferiu criar um factoide
com base na comparação da tragédia palestina com o Holocausto. Isso parece ser
um consenso na grande mídia, mas, ao procurar o vídeo original não encontrei
essa palavra nas falas de Lula. Não existe a menção ao termo HOLOCAUSTO. Lula
fez uma analogia entre o que Israel faz hoje na Faixa de Gaza com a perseguição
e morte de judeus feita pelo regime nazista.
E qual é o problema em se fazer analogias? Nenhum. É um
recurso de retórica, muitas vezes excessivamente didático, para facilitar a
compreensão de um determinado fenômeno. Nisso Lula foi perfeito.
A rede de TV CNN foi mais correta na chamada, analisando
criticamente o conflito, embora tenha chamado de guerra o evento que na verdade
é muito desigual. Tal rede comporta-se, quase sempre, como porta-voz do Estado sionista, mas dessa vez foi mais ou menos correta. De um lado um exército bem armado e treinado e de outro um
grupo de terroristas, à margem de um estado organizado.
Reparem que a matéria fala da importância da fala de Lula comparada
à Irlanda, que disse mais ou menos a mesma coisa poucos dias antes e ninguém
falou nada.
Ontem um médico francês, que estava em Gaza apoiando ações dos
médicos palestinos, voltou para França falando poucas e boas contra Israel.
(clique aqui
para ler no UOL.
Lula não contou nenhuma novidade. Somente para a nossa mídia
empresarial causou choque.
Caso queira ler sobre o “outro lado”, trate de procurar na
mídia alternativa como o iclnotícias.com.br (aqui
uma matéria interessante).
Por outro lado. muitos jornalistas seguem com a ladainha do
risco da “fala de improviso”, fato que comprometeria o discurso do presidente
do Brasil. Mas quem disse que a fala foi de improviso?
Não vejo equívocos naquilo que Lula falou. Ele foi certeiro
e o estramento está na mídia brasileira, que só dá ouvidos às entidades
sionistas e não ouve os palestinos, por exemplo.
Há um grande desvirtuamento do centro do verdadeiro debate:
os assassinatos cometidos pelo sionismo no Gueto de Gaza (só para explicar: uma
analogia com o Gueto de Varsóvia).
A mídia, inclusive aquela que defende Israel, fala em mais
de 25.000 mortos, dentre os quais 45% de crianças.
Teriam essas 25.000 pessoas participado do sequestro de
israelenses em nome do Hamas? E essas crianças, seriam jovens terroristas?
Após o ataque do Hamas os palestinos foram confinados em
Gaza e, segundo os israelenses, deveriam rumar para o Sul, pois o Norte seria
atacado para “combater” o Hamas.
A população se concentrou no Sul, próximo à fronteira com o
Egito e então Israel passou a bombardear o Sul, onde a população palestina
havia se concentrado.
Está armado o Gueto de Gaza, agora ficou mais fácil para
Israel exterminar o povo palestino, já que estão concentrados numa pequena
faixa de terra. Somente a comunidade internacional poderá evitar tal massacre.
Desde o início dos ataques israelenses foram bombardeados
hospitais, escolas, templos religiosos, ou seja, tudo que as convenções que
organizam as guerras e tentam dar tintas de civilização aos conflitos foram
solenemente ignorados pelo exército sionista.
O portal Opera
Mundi apresenta uma matéria (é só clicar aqui
que para ler) repercutindo as denúncias de violência sexual e outros abusos
cometidos contra mulheres e meninas palestinas na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia.
Os crimes cometidos por Israel se amontoam. Esse drama não é
novo e data do início do século XX quando o sionismo começou a patrocinar a
imigração de judeus para a Palestina. O que era convivência pacífica tornou-se
conflituosa com a ação aramada de grupos armados.
Talvez a solução dos dois estados seja aplicável?
O que não podemos aceitar, de forma alguma, é que Israel
continue a desrespeitar sistematicamente as deliberações da ONU, escudados por
seu principal defensor – os EUA – e muito menos o extermínio de um povo.